Na sua entrevista ao Museu da Pessoa, Rhayssa ainda era uma jovem, com muitos sonhos pela frente. Mas a sua história já conta de uma alma que busca superação. Nascida em um bairro considerado como lugar de “desova”, de largar cadáveres, no Rio de Janeiro, a menina não deixou de estudar e buscar romper barreiras sociais. Sem negar as raízes, e ajudando a sua mãe a fazer comida para fora, também alenta seus próprios sonhos, de trabalhar com segurança do trabalho e fazer faculdade. Mas nunca se esquecendo da luta da mãe, que abriu caminhos, de modo que pensa também em dar uma cozinha industrial para que ela continue e prospere com seus quitutes.
Mulheres Empreendedoras Chevron
Levando saúde para pessoas
História de Rhayssa Vieira Marcelino
Autor: Museu da Pessoa
Publicado em 21/01/2013 por Alexandre Marino Netto
P/1 – Eu queria que você começasse falando seu nome completo, local e a data de nascimento.
R – Tá, meu nome é Rhayssa Vieira Marcelino, nasci aqui no Rio de Janeiro, 06 de abril de 1992.
P/1 – Aonde você nasceu Rhayssa, que cidade, que bairro?
R- O bairro foi Laranjeiras, não lembro o nome da maternidade, sei que é uma maternidade escola que tem ali, só não lembro o nome.
P/1 – E você, na sua infância morou aonde?
R –Morei na Curicica mesmo, ate hoje, desde que eu nasci ate agora.
P/1 – Como é que era esse bairro? Curicica é um, uma, me explica, o que é Curicica? Curicica é uma região?
R – Curicica é um bairro, ele é tranquilo, assim, tem bastante comercio. O local que eu moro mesmo, ele é, como é que eu posso te explicar? Tem a Curicica propriamente dito, tem o hospital e tem a parte mais para o lado da Bandeirante, eu moro ali para o lado da Bandeirante.
P/1 – E como é que era lá na sua infância?
R – Na minha infância? Lá não era bom não, porque a estrada aonde eu moro era local de desova, aí até quando a minha mãe engravidou, antes de eu nascer, ela passou mal e nenhum taxista queria ir lá, porque era um local de desova e ninguém queria ir para lá. Hoje em dia não, hoje em dia mudou bastante, até que no fim da rua tem hospital que é referencia, que é o hospital Sara, ele é referencia, então hoje em dia é bem mais tranquilo.
P/1 – E seus pais são do Rio também?
R – São do Rio.
P/1 – E o que eles fazem?
R – Meu pai ele é pedreiro, e minha mãe, ela se formou agora no final do ano passado em Gestão Comercial, que era o sonho dela. Só que no momento ela não esta trabalhando, meu pai também não, no momento ele esta pelo INSS, que ele estava trabalhando e ele rompeu o ligamento dos dois ombros e agora só com cirurgia.
P/1 – E como é que você descreveria assim, os seus pais?
R – Como é que eu descreveria? Ah, eles são uma benção assim, não tem outra coisa para eles, só uma benção mesmo, porque antes de eu nascer eles tiveram dois, uma menina e um menino, minha mãe quase faleceu, ela teve uma pré-eclampse, então, eles são tudo para mim e para a minha irmão, não tem assim, eles deixam de comprar para eles para dar para a gente, eles são tudo para a gente.
P/1 – Quer dizer hoje você tem quantos irmãos?
R – Hoje só tenho uma, tem a Rhayana, é um ano só.
P/1 – Você se da bem com a sua irmã?
R – Me dou, a gente briga lá, é briga de irmã, mas a gente se da bem, todo irmão briga, minha mãe: “Ah se eu tivesse uma irmã.” Porque o sonho da minha mãe era ter uma irmã, “Se eu tivesse uma irmã eu não ia brigar.” Não tem jeito, a gente tem um monte de coisa, é só um ano de diferença, então tem que ter briga.
P/1 – E como era a sua infância ali, assim, você tem uma memória da casa, como é que era a sua infância, como você passou lá?
R – A minha infância foi bem tranquila, a gente nunca foi de ficar na rua, se quisesse brincar nossas colegas vinham para o nosso quintal, que a gente sempre teve um quintal grande. A minha mãe sabia como ela tratava os filhos dos outros, mas não sabia como os filhos, os pais dos nossos coleguinhas iam nos tratar, mas foi bem tranquila. Nós ficamos de castigo, aprontamos, mas foi uma coisa tranquila.
P/1 – Do que você gostava de brincar?
R –Brinquei de amarelinha, é, pique-bandeirinha, pique-esconde, queimado, ás vezes a gente juntava um grupo, aí ficava na rua, só que o pessoal tinha carro e deixava o carro muito na rua, então ás vezes a gente pegava a bola e batia no carro e a gente parava, porque quase quebrava o vidro, mas a brincadeira que a gente mais gostava era queimado, que aí juntava, era um grupão assim que ficava na rua, então, era a coisa assim que eu lembro, que a gente mais gostava.
P/1 – Você tinha bastante amigos nessa fase?
R – Tinha, tinha bastante amigo, dez pessoas assim que a gente brincava.
P/1 – E você brincava com a sua irmã também?
R – Brincava, mas a minha irmã, ela sempre foi assim, ela sempre gostou de brincar sozinha, entendeu? Porque era diversão pegar formiga para brincar, ela adorava e eu não gostava, então a gente tinha uma prima nossa que ia lá para casa então a gente ficava brincando, aí pulava elástico, brincava de amarelinha, só que nunca, assim, quando a gente brincava assim, em grupo, ela não brincava assim também bem, porque ela não gostava de treinar, eu falava: “Não Regis, tu tem que treinar para poder brincar depois.” Aí ela: “Não.” Depois com o tempo que os meninos começaram a ir lá para casa, brincar mais frequentemente ela resolveu largar as formigas assim, para brincar com a gente. Ficou mais tranquilo.
P/1 – Você começou a ir para a escola, como foi a sua ida para a escola? Você se lembra?
R –Quando, assim, no jardim eu lembro que foi tranquilo, mas quando eu fui para o CA minha mãe me colocou num colégio, era ate particular, só que a professora, ela gritava muito, de manhã ela era um tipo de professora e a tarde ela era outro tipo de professora, ela transformava assim totalmente, então, de manhã, ela gritava muito, a matéria era muito complicada, a metodologia deles era bem difícil, então não, ela gritava mesmo, de bater com a prova na mesa, então eu não gostava. Toda vez que a minha mãe me levava para a escola, todos os meus amiguinhos sentado e eu era a única que estava chorando. Ai minha mãe precisava me deixar até um pouquinho mais tarde no colégio, ás vezes eu olhava ela dando aula, eu não acreditava que era a mesma professora, porque ela era totalmente, mudava totalmente, não sei se ela tinha algum problema de trabalhar de manhã e a tarde, era bem complicado, mas depois assim, primeira, segunda, terceira serie foi tudo tranquilo, meu problema mesmo foi no CA, o restante foi, que eu mudei de colégio, aí tive que refazer o CA.
P/1–O que é CA mesmo?
R – Hum?
P/1 – O que é CA mesmo?
R – Seria assim, tem jardim, logo em seguida CA, primeiro ano, segundo, terceiro, é a fase que você sai do jardim e vai direto para o mais avançado, na época se chamava CA, hoje em dia eu nem sei como se chama mais. Foi a única serie que eu lembro assim, que eu tive problema, foi essa, por causa da professora.
P/1 – E nesse momento você pensava em alguma coisa assim, ah, quando eu crescer eu quero ser alguma coisa assim, você tinha um sonho de quando eu crescer eu quero ser?
R – Eu tinha, era medica ou enfermeira, mas depois eu deixei o medico assim de lado, eu queria ser enfermeira, mas para trabalhar, assim, outros países. Antigamente diziam que lá fora, assim, pagava mais, pagava melhor os enfermeiros e os médicos, é, por não ter enfermeiro muito lá fora, eles diziam que era o melhor, então eu sempre queria assim: “Não, quero ser enfermeira.” Até uma certa época assim, eu ate comecei a fazer um curso de enfermagem, foi ate o ano passado, mas eu não dei continuidade, porque eu vi que não dava para mim, então eu desisti, mas o meu sonho mesmo era ser enfermeira.
P/1 – Você se inspirou em alguém, alguém da sua família, alguma coisa?
R –Não, não, não me inspirei não, tinha, até tenho tias que são enfermeiras, mas nunca me inspirei nelas não. Era o que eu ouvia falar mesmo e eu achava bonito andar de branco assim, no hospital. Eu queria ser enfermeira, mas não levo muito jeito.
R – E a sua mãe, alem de estudar, o que a sua mãe também faz ou fazia?
R – Minha mãe, ela trabalhava muito com buffet para festas, bolo, salgado, doce, ela trabalhava assim, trabalhava também como supervisora assim que ela estava terminando a faculdade, numa empresa também de doces, mas aí ela ficou um tempo, depois ela estava terminando a faculdade, ela não estava conseguindo conciliar os dois, aí ela acabou saindo, porque a carga horária era muito grande, ter que estudar, então ela saiu, mas hoje em dia ela ainda da continuidade, faz bolos de casamento, doce, salgado.
P/1 – Você ajuda a sua mãe?
R – Ajudo, porque é uma área também que eu gosto, também queria fazer gastronomia antes, que eu tenho um ti também que se formou, mas aí eu preferi outra área, mas é uma área que eu gosto também, cozinha eu gosto.
P/1 – Voltando ali atrás um pouquinho, então aí você de criança passou para adolescente. O que mudou na sua vida nesse período?
R –Mudou bastante coisa, que eu acho que é a responsabilidade foi ficando maior, aí a minha mãe, ela sempre ensinou eu e a minha irmã a cozinhar desde cedo, porque como ela teve muito problema de saúde, como ela perdeu a minha avó quando ela tinha 16 anos, então ela achou que também ia deixar a gente quando ela, assim, quando a gente era pequenininha, então ela sempre ensinou a gente a fazer tudo. Então, quando a gente foi crescendo assim, ela começou a trabalhar fora e a gente que cuidava da casa, arrumava a casa, fazia comida, arrumava, limpava, assim trabalho de casa mesmo, fazer tudo.
P/1 – E alem disso assim, o que você gostava de fazer, você tinha muitos amigos, como que era?
R –Eu tinha até amigos sim, mas eu gostava de ir para o cinema, de ir no Mc Donald’s, quem não gosta né? É, ia para a igreja também, sou evangélica, então gostava de ir para a igreja, participar de peça, as coreografias, então eu sempre gostei dessa área assim.
P/1 – Festa, essas coisas, bares?
R – Não, nunca fui assim de festa.
P/1 – E namoro assim, como é que é? Você teve namorado?
R – Não, também não, eu sempre fui muito tranquila, eu sempre pensei assim: “Ah tenho que estudar primeiro e fazer a minha faculdade” e não foi a vontade de Deus eu não fico procurando, eu sempre fui muito tranquila, nunca namorei não, sempre fui tranquila em relação a isso.
P/1 – Você gosta de estudar?
R – Gosto. Agora, assim, porque é uma área que eu gosto, faço Técnico de Segurança do Trabalho, então é uma área que eu gosto, então presto atenção assim na aula, estudo. Dá tempo, porque eu estudo de manhã, eu vou em casa, almoço, da tempo de descansar e aí depois eu vou trabalhar.
P/1 – É um curso...é o que? Um curso?
R – Um curso técnico.
P/1 – Qual a duração?
R – Um ano.
P/1 - O que você gosta nesse curso que você esta fazendo?
R – A matéria que eu mais gosto é de combate a incêndio, é a área que eu tenho mais interesse. As outras são interessantes, não que não seja, mas eu não sei, o professor, ate ele ficou de levar, eu tenho aula com ele até, as quinta feiras e ele mostra para a gente os vídeos, ele mostra, ele falou que vai levar o bujão de gás para a gente mesmo apagar o bujão de gás, e que aqueles mitos que a gente já, ah bujão de gás explode, entendeu, acaba sabendo assim o que explode, o que não explode, então é a área assim que eu mais tenho mais interesse assim.
P/1 – De onde vem esse interesse por essa área?
R – Antes de eu começar a fazer o curso técnico de enfermagem, já andei pesquisando, ai a minha mãe falou assim: “Olha que área legal.” Eu devia estar o que? Na oitava serie isso, ai eu ah, eu gostei, comecei a pesquisar sobre a área, tive interesse, mas assim, eu falei: “Ah não mãe Segurança do Trabalho é só para homem, não tem mulher trabalhando nessa área, só tem enfermeira, essa área tem.” A minha mãe: “Ah Rhayssa, mas você não gosta, não é essa área que você quer, você não sempre disse que queria fazer técnico em segurança?” Mas aí assim, por teimosia eu escolhi a enfermagem, mas não dei continuidade e agora eu estou nessa área, é realmente a área que eu quero seguir.
P/1 – E o trabalho assim, qual foi seu primeiro trabalho?
R –Meu primeiro trabalho foi na Renner, estava fazendo curso aqui no condomínio e aí eu comecei a trabalhar, botei currículo, terminei o curso, botei currículo na Renner aí fui chamada. São varias etapas de entrevistas, ai eu estava numa sala, a sala de lá era pequena, devia ter umas dez, 15 pessoas e aí a menina passou, a minha do RH passou uma folhinha para cada um e não podia falar no caso, com em dupla, você tinha que ler e falar com todo mundo, porque era um texto que só tinha gente ruim, mas a gente tinha que tirar um consenso de qual era, assim, era o melhorzinho daqueles que eram ruins e ai foi tendo as etapas, depois outra ela foi falando, depois ela falou assim para a gente, se eu não me engano a entrevista começou às dez horas, terminou meio dia, ela falou assim: “Olha, quando acabar vocês vão lá em cima”, no caso era a parte administrativa, “e vai ter uma analista lá com o nome de quem passou, e quem passar vai ficar aguardando para poder fazer uma nova entrevista com a menina do RH e com a gerente.” Aí fomos. Aí falaram que ia sair ao meio dia, não saímos, saímos foi uma hora, aí ficamos rodando pelo shopping, quando voltou ficamos sentadas lá e aí o primeiro nome da lista era o meu, aí bateu aquele medo assim, porque ate então eu nunca tinha feito entrevista, tinha sido a minha primeira. Aí depois eu desci e fiquei conversando com a menina do RH, com a gerente e ela falou que tinha gostado muito de mim, porem tinha outras pessoas que ela ia entrevistar e que depois ela falaria comigo. Aí eu comecei a subir a escada, só que ela não falou para eu chamar a outra menina, eu desci, perguntei a ela e depois fui embora para casa. Aí a noite, foi a noite, não lembro, acho que no dia seguinte eles ligaram lá para casa de manhã para falar que eu tinha passado na entrevista, que eu tinha que levar os documentos, aí eu levei os documentos. Lá foi o meu primeiro emprego, ai eu fiquei um ano e quatro meses, só que lá na Renner eles tem uma metodologia de encantamento, então você tem que encantar o cliente e uma vez por mês eles tem o cliente oculto, que ele vai na loja, ele observa os atendimentos padrões e se você estiver assim num padrão, você ganha um salário a mais, só que você não sabe o dia nem a hora, nem o momento, nada disso. Só que você tem que ter todo o padrão, você tem que ter a percepção do cliente, se ele esta ali, você esta abastecendo a área, mas se a cliente estiver ali você tem que parar tudo que você esta fazendo e abordar: “Boa tarde, tudo bem? Esta precisando de ajuda? Meu nome é fulano, se precisar, já possui cartão?” Você tinha que oferecer produtos financeiros. “Já possui cartão da loja?” “Ah já possuo sim.” “Ah então tá bom, qualquer coisa meu nome é fulano de tal.” E com isso tinha que fazer o padrão, quando eu tinha um mês de empresa eu ganhei, primeiro cliente oculto, aí no segundo mês eu ganhei de novo, aí o pessoal começou a falar: “Não, porque sempre quem entra ganha.” Sendo que não era isso, porque tinha gente que estava a um ano e que nunca tinha ganhado. Aí eu fui avaliada em novembro, dezembro, aí janeiro não fui avaliada, aí em março, não fevereiro, era aniversario, nesse dia, tenho certeza que o cliente oculto foi de manhã, que foi o único mês que eu peguei de manhã, foi no dia 5 de fevereiro, que era aniversario do meu pai e só o pessoal da manhã tinha ganhado. Aí eu ganhei no setor que era lingerie, que era um setor que ele era muito escondido da loja, sempre zerado, e quando um setor da loja zera a nota da loja vai lá para baixo, então não era isso que eles queriam.Então tinha que ficar principalmente no lingerie e a inspetora falou assim: “A gente tem que fazer uma técnica.” Porque eu era do feminino, eu era do Just, setor Just Be, que tinha aqui no canto, porque na moda feminina eles são quatro setores, Just Be, Corpelle, Blue Steel e Marfinno. E o Just Be era setor de festa, era o setor que estava mais escondido e tinha o infantil que ficava do outro lado e o lingerie que ficava aqui no meio, então a atendente do infantil deveria passar por ali para fazer qualquer coisa e do feminino também e aí eu ganhei o feminino, o lingerie ficou com a carinha verdinha. Depois eu tive mais duas, três avaliações, duas no setor de relógio, eu não era do relógio, o relógio é um setor muito complicado, porque apesar de eu já estar no departamento desde que era o setor de beleza, que era perfume, acessórios, cinto, brinco, lingerie, ele, o relógio ele, você tinha que ter muita atenção. Por quê? Era uma banca pequena e o cliente que chega daqui, ele pede um relógio, só que você não pode colocar muito relógio em cima da banca, então você botava um relógio aqui, enquanto um estava falando, você tinha que estar dando atenção para o outro, você tem que dar atenção para todos ao mesmo tempo. Então, se você não da atenção para todos ao mesmo tempo, e não da as informações necessárias, você não ganha. Eu fui duas vezes avaliada no mesmo setor, era do relógio, não tinha ganhado. E eu pensei: “ Meu Deus do céu.” Eu nunca tinha, acredito, até tinha uma menina que ela falou assim para mim: “Depois que você tira a primeira carinha amarela e vermelha, você acostuma.” Porque desde que eu entrei eu tinha sido avaliada e tinha ganhado, então foi um baque para mim ver que eu tinha sido avaliada e não ganhei. “Meu Deus do céu, não pode, como se uma..” Teve ate uma vez que eram para ganhar três pessoas, só ganharam duas e a minha nota tinha sido a terceira maior que tinha sido 86%, você só ganha se você tiver 90%, de 90% para cima. Aí quando foi em novembro eu fui avaliada de novo, novembro do ano passado, aí eu ganhei, eu estava na perfumaria e tinha setor que tinha atingido primeiro lugar, porque a perfumaria, o balcão da perfumaria já era diferente, ele já era bem largo, bem grande, então ele leva a parte de perfume e leva a parte de maquiagem, então ás vezes não, só tinha você ali, ás vezes não tem promotor, então você tem que atender quem esta no relógio, no perfume e na maquiagem e quando eu fui avaliada eu consegui atender todos os clientes ao mesmo tempo e não deixei nenhum parado, então eu consegui atingir a nota e a perfumaria acabou ficando com o primeiro lugar da regional, porque eu consegui atender todos os clientes, então foi muito bom. Aí depois eu não fui mais avaliada, eu pedi demissão em fevereiro e agora eu estou na…
P/1 – E falando um pouquinho assim sobre o projeto. Como é que foi que você conheceu, como que você ficou sabendo do Com.Domínio Digital?
R – A Raquel Tiriguela e o Andre, que também, que era professor, ele estudou no meu colégio. Só que assim, aqui no Rio de Janeiro, as ONGs assim, a gente tem uma, assim, uma cabeça meio fechada, em questão de cursos, essas coisas assim. Ela tinha ido lá, mostrou os módulos para a gente e tinha umas amigas que também fizeram o curso comigo e a gente parou para pensar, que: “Ah, será que a gente deve ir mesmo?” Porque a gente já estava acostumada, porque tem tantas ONGs assim que cursos que eles prometem e nunca cumpre com nada, então ate a Raquel, ela, a gente falou para ela: “Nossa aqui é visto de uma outra forma.” Entendeu? É difícil você acreditar que realmente tenha alguma que seja serio. Aí viemos, aí ela conversou com a gente, acabou ficando, até uma das aulas que teve aqui foi uma que caiu na minha primeira entrevista, uma das dinâmicas que teve aqui, foi uma que caiu lá, então, consegui tirar de letra.
P/1 – Você acha que o curso então, graças ao curso você teve a possibilidade de começar a trabalhar?
R – Isso, graças a Deus e ao curso, porque quem realmente se empenhou né, porque começa assim um bolo grande né, depois vai diminuindo, diminuindo, mas me ajudou muito na entrevista, para eu poder falar. Ate que quando eu entrei aqui eu ainda era muito tímida, eu sempre fui muito tímida, aí depois eu comecei a perder um pouco da timidez, não totalmente, que ate hoje eu sou meio tímida, mas eu perdi um pouco, ate porque a gente tinha que apresentar trabalho, tinha que apresentar enquetes, isso faz com que você se solte um pouco mais.
P/1 – E o que te trouxe, o que te motivou fazer esse curso?
R – Quando eu viu para cá, eu falei: “Ah, deve ser interessante.” Eu falei: “Ah, vou tentar.” Eu só estudava de manhã e fazia pré-vestibular a noite e a tarde eu passava livre, não fazia nada, falei: “Ah vou tentar.” Não custa nada tentar e ver como é que é. Aí viemos para ver como é que era, gostei do local e aí fiquei.
P/1 – Quais foram as aulas que mais te marcaram, que você sente que foram importantes para você?
R – Da dinâmica, era uma dinâmica que tinha um papel assim que a gente fazia de um barco e tinha, e ficou todo mundo da turma em cima desse papel que era parecido com um barco e ele tava aqui mais ou menos e a gente tinha que chegar ate a mesa, todo mundo em cima do papel e aí tinha que ver qual seria assim, a gente não podia botar o pé no chão, porque seria como se fosse a água, aí eu não me lembro muito bem, mas eu sei que a gente foi, um levantava um pouco, o outro também, como se estivesse remando, mas nada de levantar o pé e assim que a gente conseguiu chegar. Essa foi a que mais me marcou, porque eu acho que era, foi uma que caiu na...
P/1 – Então você estava falando desse projeto da importância desse trabalho, no que significou para você. E outros trabalhos? Eu sei que você tem projetos, que vocês tem que entregar em grupo.
R – Isso.
P/1 – Teve algum desses projetos que foi marcante?
R – Teve, foi o Eu na Comunidade, a gente tinha que mostrar o bairro que a gente morava e aí juntou eu e esse grupo de amigos, a gente veio do mesmo colégio para cá e a gente começou a ir nos lugares para mostrar o que tinha de bom no nosso bairro, entendeu, foi bem legal que a gente foi na, tentamos entrar e não conseguimos, tentamos entrar no Projac, não conseguimos, tentamos entrar na Nestlé, também não conseguimos, a gente só mostrou assim por fora. Teve a Santa Maria também que a gente não conseguiu entrar, que é uma empresa de ônibus, também não conseguimos, mas teve outras coisas que a gente consegui mostrar, os projetos assim que tem, ate um colégio que a gente estudava, aos finais de semana tinha futebol, tem outro colégio também como referencia que é o Silveira Sampaio com atletismo, dança, teatro, então foi bem legal a apresentação. Foi todo mundo junto, a gente ia sempre em grupo.
P/1 – O que você acha que esse Com.Domínio Digital agregou, somou na sua vida?
R –Achei que tirou a timidez mesmo porque eu era muito tímida mesmo, ainda sou, mas eu era muito, então foi as dinâmicas que eles passam, a forma de trabalho, você vai se soltando, consiga, é, entender mais as coisas que eles falam e a gente apresentava e tinha que escrever também, eles passavam trabalho e todo mundo tinha que responder, as apresentações. Me ajudou muito assim, porque eu acho que questão de timidez, para, eu achei eu nunca ia trabalhar na Renner assim, abordando cliente e você tem que abordar, por mais patada que o cliente te deu você tem que ir nele e abordar e falar com ele. Tentar convencer ele a fazer o cartão se ele não tiver, tem que ter argumento tem que dar desconto, tem brinde, tem isso, tem aquilo. Você tem que tentar convencer ele. E se fosse assim, muita timidez em cima do cliente, é melhor assim: “Então tá bom, vou sair”, acho que foi isso que me ajudou bastante.
P/1 – E hoje você sente como, em relação ao curso, depois do curso ter terminado? Como você sente, o que mudou assim na sua vida?
R – Mudança? (pausa) Acho que também interagir com as pessoas porque eles faziam com que a gente interagisse um com o outro, ás vezes separava, porque tem sempre aquele grupo aquele grupo que veio do mesmo colégio, tinha aquele outro grupo, tinha aquele outro grupo, então ás vezes eles trocavam tudo para você acabar interagindo, então, eu acho que isso me ajuda, a filosofia deles também, a maneira deles de trabalharem. Eles não queriam que a gente fosse como aluno e professor, você tinha liberdade para falar se achava certo, se não achava, entendeu?
P/1 – O que os seus pais acharam quando você resolveu vir fazer o curso?
R – Eles acharam que devia ser furada como a maioria dos cursos que tem, mas ai depois eles foram vendo que eu estava mais tranquila, assim, que como eu ficava em casa o dia inteiro, só eu e a minha irmã, se eu não me engano, não eu ficava em casa sozinha, porque minha irmã estudava a tarde e eu estudava de manhã, então eu ficava em casa a tarde sozinha. Aí eu comecei, eu vinha para, eu acabei ficando até mais rápida também, porque eu ia para a escola, eu ia em casa almoça, tal, tomava banho e vinha para cá, aí eu saia daqui ia para casa, lanchava, tomava banho e ia para o pré-vestibular, então isso, você acaba não ficando muito dispersa, acaba tendo mais atenção. Acho que é isso.
P/1 – Teve algum marco que você sente, dentro desse processo, dentro desse tempo que você ficou no curso, algum marco importante, assim, que você sentiu, nossa, aquilo para mim foi...? Alguma coisa que aconteceu, uma experiência, uma aula ou uma leitura que você fez, algum vídeo que o professor passou?
R –Teve um vídeo sim, eu não lembro qual foi o nome, que eles ate passaram numa outra sala para a gente. E o vídeo, eu não me lembro assim muito bem da história, ah era varias enquetes no filme e mostrava como era o dia a dia das pessoas e aí a gente para e pensa assim: “Pô, do que eu tô reclamando?” Sabe, tem gente assim que sofre, e eram histórias que realmente você vê que acontece. E aí quando foi para montar a cortina também, foi bem legal, estava todo mundo em grupo, foi uma coisa assim, foi a que marcou mais. Porque tinha que ficar o grupo e a gente tinha que montar uma ideia do que a gente iria fazer, só que não poderia imitar a outra turma, então foi uma coisa que me marcou bastante.
P/1 – Conta um pouquinho a história da montagem dessa cortina. Como é que foi?
R –É, foi, a outra turma, eles tinham dado uma ideia de fazer uma cortina e a nossa turma não sabia o que queria fazer, aí falaram assim: “Então vamos fazer o seguinte, a gente faz uma cortina grande, só que vocês não tentem imitar o que eles fizeram.” Eles colocaram no meio e o nosso a gente resolveu colocar lá em cima e cada quadradinho desse contava a história. Aí, eles na hora de repartir o papel assim, eles, teve que, cada dia a gente fazia uma coisa, um dia a gente desenhava, no outro dia pintava e você tinha que colocar no seu sonho, o que você queria para a sua vida.
P/1 – Essa daí, alguma dessa você fez, não?
R – Foi, foi essa aqui.
P/1 – Qual que é a sua história?
R – A minha é essa aqui.
P/1 – Essa daí. Ele vai mostrar, daí você vai contar um pouquinho o que é esse quadradinho. Conta um pouquinho, o que você sonhou.
R - Quando eu pensei nele, foi no diploma na mão. Meu pai, ele, desde pequena ele sempre tentou ensinar eu e a minha irmã a tocar violão e a gente nunca quis aprender, depois de velha é que eu senti a vontade de aprender, mas hoje em dia eu acho que eu tenho mais dificuldade do que antes.Então, foi um desejo também meu, que era aprender tocar violão e tanto que eu coloquei aqui muita paz, sucesso, que eu queria que tivesse assim, não só eu, mas o mundo inteiro, porque acho que precisa bastante hoje em dia.
P/1 – O nome do grupo era, Diferente mas Iguais?
R – Mas Iguais. A gente não sabia o nome, a gente olhava um para o outro, a gente via que a gente era muito parecido, entendeu, mas ai era só a questão da fisionomia que era realmente diferente, aí surgiu esse nome, Diferente mas Iguais.
P/1 – E como é que você se sentiu quando você viu o resultado desse trabalho pronto?
R – Ó, fiquei muito orgulhosa, porque a gente vê o que a gente ta fazendo o tempo inteiro, a gente acha assim: “Ai, acho que não vai ter retorno.” Ás vezes a gente vinha cansada também, com chuva, “Ah meu Deus, acho que eu não vou hoje.” Aí teve, é, na hora que a gente tava juntando, aí também, foi assim, muito, acho que foi muito gratificante mesmo, a gente vê o que a gente conseguiu fazer. O pessoal era muito tímido, ninguém falava nada, depois de um tempo a gente teve amizade. Teve uma menina daqui também que ela foi para a Renner também, a Andressa, então assim, a gente se tornou amiga lá dentro, entendeu, eu acho que é isso que importa. Tem uma também, que é a Iara que ate hoje a gente se da super bem, a gente é muito amiga mesmo, tem o Alumar que fazia o curso comigo, a gente conversa, mas assim não tanto, eu e a Iara a gente ficou mais amigas e a gente não se dava muito bem, mas aí depois, da escola mesmo, a gente não falava muito, porque a Iara chegou assim muito tímida, não falava nada, todo mundo sentado e ela era a única que ficava em pé com o fone no ouvido e a gente achava muito engraçado: “Porque você não fala nada?” “Ah, porque eu não conheço ninguém.” E realmente, depois que a gente conhece ela, vê que ela é toda espevitada assim, e ela ate hoje, me dou super bem com ela.
P/1 – O que você pretende alcançar, graças a esse curso que você fez, você tem alguma meta, o que ele te ajuda a...
R – Tenho, porque quando a gente entra, tem aquele caderno também que você pensa daqui a quanto tempo eu vou tá....eu esqueci ate o nome do caderno. Quanto tempo, daqui a dez anos como eu vou ser, como eu vou estar e eu penso assim, que é o tudo que eu coloquei naquele caderno, que é terminar meu curso, que eu tinha colocado, até eu chegar em Técnico de Segurança do Trabalho eu passei por muitos, passei por enfermagem, pensei em Logística, pensei em Gestão de Recursos Humanos, pensei em muita coisa e com certeza é isso que esta no caderno, e era me formar, era, sabe, ter a minha própria casa, ter meu carro, ajudar meus pais. Era uma coisa assim que a gente colocou no caderno assim que a gente veio para cá e eu acho que era uma coisa que, eu particularmente, eu quero realizar. Quando a gente entra a gente tem que fazer aquela história e quando a gente entrou também a gente tinha que fazer uma história para quando no final do curso a gente abrisse aquela história, aí colocamos num baú e, que aí a turma toda desenhou, colocou da maneira que queria, colocou nome no desenho para colocar a carta ali, então eu acho que umas das coisas que eu quero, com certeza foi o que eu coloquei naquele caderno e as pessoas também, como eles explicam, a maneira que eles ensinam, o jeito deles, quero levar para o resto da vida.
P/1- Teve algum desafio que você sente que você superou nesse período que você fazia o curso?
R –Então, era só a timidez mesmo, foi um desafio para mim, foi um desafio, que eu realmente precisava de um empurrão assim, vai! Realmente foi um desafio.
P/1 – Você acha que esse projeto aqui para a comunidade é um projeto interessante? O que trouxe de positivo?
R – É, é bem interessante, porque ate quando começou, eles até preferiam que fossem pessoas da região aqui mesmo, mas muita gente trabalha, tem filho pequeno, então assim para eles não dava, e eles começaram a buscar fora, então eu acho muito interessante que a pessoa realmente aprende muita coisa. Tem pessoas que realmente mudaram, tinham pessoas que, eu não, porque eu sempre fui uma menina tranquila, mas tem gente que era muito agitada, que a mãe falou: “Nossa a minha filha...” Até no ultimo dia mesmo, “Nossa a minha filha era muito agitada e ela mudou realmente, totalmente. Agora eu chego em casa, eu olho assim para ela, sabe, não reconheci a pessoa.” A pessoa estava mais tranquila, estava mais calma, prestava mais atenção no que fazia, obedecer até os próprios pais, pessoas que não obedeciam, passaram a obedecer. Acho que realmente, para as pessoas daqui, acho bem interessante. Vale a pena. Acho que é um tempo que você passa que você não joga fora, de aprendizado, acho que aprendizado nunca é demais.
P/1 – Teve alguma especial que você gostou muito, assim, dessas que você falou, que de alguma forma, que você adorava assistir as aulas, que foi muito legal para você?
R – As aulas? Era de DPF, era uma das aulas mais legais devido as dinâmicas, eram as aulas assim, que eram mais, era mais legal mesmo, todas, todas elas, tinha dinâmica, a professora era bem tranquila assim. Tinha a Cristina também, a matéria dela, só que a matéria dela era mais voltada assim para a parte de trabalho, entendeu, da Kelly não, já era desenvolvimento, seu mesmo, pessoal, então acho que era uma das aulas que a gente interagia mais, falava mais, entendia mais. Então acho que era a aula que a gente gostava mais, eu particularmente, gostava mais e a turma também, era todo mundo, era assim, um conjunto.
P/1 – Então, quais são seus planos agora, o que você pretende fazer?
R – Meus planos agora é terminar o curso se eu não interromper mais uma vez, para ver se no ano que vem eu já ingresso na faculdade, ver se eu consigo bolsa para a faculdade, que é um dos meus sonhos também, acho que é o sonho que todo mundo tem, de fazer uma faculdade, ter um bom emprego na minha área mesmo, acho que é um dos sonhos assim que é primordial assim, para mim.
P/1 – Me conta um pouquinho, o que você faz hoje, de trabalho?
R – Hoje, eu sou atendente de uma empresa de taxi e eu trabalho de seis a meia noite, tem o horário assim que é o horário de pico, que é o horário de seis ás oito, seis ás nove, horário de pico, depois é horário mais tranquilo, mas a gente atende, cliente liga para lá pedindo taxi e desde que eu entrei ate agora mudou muito os procedimentos, porque tinha, tem, o nosso ponto de taxi e dentro do New York, Shopping New York, e no Centro Empresarial do Barra Shopping, então assim, a gente não podia tirar a corrida do cliente que estava lá, só se fosse de embarque, então os clientes achavam um absurdo, então a gente escutava muito, aí o pessoal passava para o presidente, “Não tem como, porque os clientes, eles ligam reclamando que eles ficam na fila muito tempo e depois chega outro e pega o taxi.” Eles mudaram os procedimentos e aí agora, todas as corridas a gente agenda então, a gente escuta, escuta muito porque tem cliente que são presidentes de grandes empresas e eles querem o taxi deles naquele horário, porque se não tiver, eles ameaçam até cancelar o contrato com a empresa, eles ameaçam mesmo. E tem uns que eles colocam que é funcionário, não coloca que é presidente, nada disso, mas ás vezes, você tira a corrida dele e depois a secretaria, ele mesmo liga, a secretaria dele informa que “Não, mas ele é o presidente da empresa.” Então você tem mais do que depressa se virar num carro para ele, entendeu? Então assim é complicado, porque ás vezes na área não tem carro nenhum e eles tem que deslocar de outro PA, que são pontos de taxi, então se deslocar de outra PA, é um horário assim que tem, exige muita atenção, mas esse trabalho agora, ele é bom, porque muita coisa que tem nele é, entre aspas, ele é relacionado com o meu trabalho, no meu curso, porque no meu curso, o Técnico de Segurança do Trabalho, tudo o que acontece, como eles dizem, você tem que tirar o seu da reta, tudo, você olhou uma coisa que esta irregular você vai lá, fala para o patrão e você anota, tudo você tem que anotar e na Barra Américas é assim, o cliente falou alguma coisa, o cliente cancelou uma corrida, você tem que perguntar o motivo, porque tudo você tem que relatar. Porque se você não relatar, o que acontece? Se da um problema, se a unidade for procurar, você não relatou nada, eles vão procurar a gravação, não vai saber, então, eu achei assim que foi uma área, ate no curso mesmo acabei ficando mais atenta as coisas, eu presto mais atenção, porque eu sei que é uma coisa que lá no meu trabalho eu vou ter que ser assim e futuramente também, então, é uma área assim que não tem muito a ver, mas assim, entre aspas, ele tem alguma coisa a ver, muita atenção, tudo isso, tem que ter muita atenção na hora que vai tirar uma corrida.
P/1 – E para você hoje então, quais são as coisas mais importantes na sua vida?
R – Mais importante, minha família. Meus pais, Deus em primeiro lugar, minha família, com certeza. Meus estudos, mas Deus e a família sempre vem primeiro, sempre, então, meus pais, minha irmã, são os mais importantes, porque sem eles não tem explicação, mas, são meus melhores amigos, então é só a gente, e até por tudo que os meus pais já passaram, então, com certeza, eles são a coisa mais importante da minha vida.
P/1 – Sonhos, você estava falando de sonhos, quais são os seus sonhos?
R – Meu sonho é fazer a minha faculdade, na, é...porque o sonho da minha mãe, ela começou já a ter um buffet e ela parou, aí dela não ter a cozinha dela para fazer bolo, doces, salgados, essas coisas assim, você precisa de uma cozinha pronta e lá em casa, toda vez que a minha mãe pega uma encomenda de bolo, a gente entra no desespero, porque as vezes a minha mãe tem que entregar e não da tempo de arrumar, a gente tem que, cai a massa, de bolo, ela cai no chão e não da tempo da gente limpar porque a minha mãe esta fazendo e a gente não pode lavar ali e aí depois quando ela faz a entrega, a gente tem que lavar. Então é o nosso desespero, ter que lava tudo, limpar tudo, primeiro que são dois trabalhos, porque a gente tem que limpar antes e depois então um dos meus sonhos também seria dar a cozinha industrial da minha mãe, com certeza, que é o sonho dela, ela não se vê mais trabalhando assim, em empresa, o sonho dela foi sempre ter o próprio negocio dela, então eu acho que eu, com certeza, um dos meus sonhos seria ajudar ela a ter a cozinha industrial que ela poder se ver num sonho dela também, que é, acho que é importante também ficar feliz por uma coisa que é o sonho dela.
P/1 – Bacana. Só para a gente encerrar, tem alguma coisa sobre o projeto Com.Domínio Digital que eu não te perguntei que você gostaria de falar, você acha importante relembrar?
R – Importante? Tem, porque, como é que eu posso falar? É, assim, eu não sei como falar, mas ele é importante sim, porque você muda, você muda de ideia, realmente. Se eu não me engano o curso era de uma e meia ás cinco e quinze, então esse tempo, você esta aqui de segunda a quinta-feira são seis meses, você tem que mudar alguma coisa, você tem que aprender, tem que entender, entendeu, é uma coisa assim que eu acho que vale a pena realmente as pessoas, é porque eu me, é como eu falei, aqui no Rio de Janeiro é muito complicado a pessoa acreditar em alguma coisa e aqui eles disponibilizavam para a gente o dinheiro da passagem, disponibilizavam um lanche e isso é muito difícil de você ver em ONGs aí. A minha irmã até participou de um que eles não davam o dinheiro da passagem, eles só davam o dinheiro da passagem quando estavam de férias, entendeu, e eles prometeram assim varias coisas, que iriam encaminhar para o mercado de trabalho. É que eles falam assim, olha, eles montaram para a gente o nosso currículo, eles montaram tudo, então, com a ajuda deles, claro, a gente fazia, mas com a ajuda deles, então, saiu com a gente para entregar o currículo, eu acho muito bacana essa parte deles, então eu acho que todo mundo apesar de ter uma cota para pessoas, acho que se não der para fazer num ano, faz em outro. Vale a pena, realmente.
P/1 – Bacana. Como foi para você contar a sua história aqui?
R – Foi legal, apesar de eu estar um pouquinho nervosa, mas foi bem legal, foi tranquilo.
P/1 – Não pareceu, pareceu que você estava super tranquila, foi ótimo.
R – Mas é isso ai, vale a pena fazer, é uma coisa que você, como eu disse, é uma coisa que você vai estar investindo no seu próprio futuro, então, as dinâmicas assim, as coisas que mais marcam a gente, são as dinâmicas, porque é uma coisa que você leva lá para fora, entendeu, e a questão do mercado de trabalho também que eles falam todos os documentos que é necessário, que a gente precisa, eu acho que é bem bacana.
P/1 – Tá ótimo, muito obrigada pela sua participação, foi muito legal conversar com você.
R – Eu também, obrigada.
P/1 – Menina, você não passou nervosismo algum, eu te contratava, serio mesmo, por isso que você foi tão bem na Renner.
R – É, mas ás vezes falavam assim: “Serio que você é tímida?” Porque quando, até teve um amigo oculto, no ano passado, eu falei: “Vou falar um pouquinho rápido, porque eu sou muito tímida.” Aí o pessoal: “Mas que timidez? Você não é tímida.” As pessoas não acreditam que eu sou tímida.
P/1 – Não, você não parece. Você foi bem, porque isso conta muito.
R – Conta.
P/1 – Se a pessoa esta tímida, ela esta retraída, você é super sorridente.
R – É, tem que ter, e tinha que ter espontaneidade o tempo todo, porque ás vezes você ia abordar um cliente, eu tinha uma amiga minha do setor que ela falava assim: “Isso é importante.” Logo influenciei. “Boa tarde senhora, tudo bem? Esta precisando de ajuda?” A cliente falava: “Não, to, eu queria essa calça aqui 42.” E eu: “Ah senhora essa calça não tem mais.” E ela: Então tá. “A senhora já possui cartão da loja?” “Não....